quarta-feira, 30 de julho de 2008

Correspondência oculta

Por que não nos cansamos de todas as idas e voltas? A ampulheta gira, a areia escorre. Os mesmos punhados da areia do nosso deserto, escorrendo repetidamente. Vez ou outra você a gira, eu a giro. Porque não nos cansamos um do fantasma do outro? Nossas correspondências ocultas, disfarçadas de tudo: de canção, de poesia. Por que não esquecemos? Estou aprendendo a viver sem você, meu bem. Você já aprendeu a viver sem mim, há séculos. Então por que remexer o baú de cartas novamente? Não quero mais beber da tua nostalgia. Basta a minha para me embriagar. Fantasio que ainda sou seu mundo, que sempre serei. Faço graça, sou a graça. Rio da nossa desgraça. Foi tudo culpa minha. Dissabores, desventuras, noites frias do outono re-re-retrasado. A procura constante por sentido e a imaturidade, tudo minha culpa. Até quando a procura sem fim? Até quando infinita espera pela derradeira primavera? Ah, meu bem, a culpa é de ninguém. É minha, é sua, é do tempo que não parou para nós. É culpa do mundo que continuou a girar, mesmo quando tropeçamos. A vida segue e nós seguimos.

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