quinta-feira, 31 de julho de 2008

A melhor maneira

Outro dia eu li que a melhor maneira de ser infeliz é evitar a felicidade por medo de que ela acabe. Num dia desses, eu também li que ser feliz é não pensar muito. Não pensar muito no ontem e no amanhã, apenas viver o hoje e, assim, ir “levando a vida”. Eu pensei sobre isso tudo. Eu pensei que ser feliz é poder pensar no ontem com nostalgia, com saudade, com noção de que foi bom. Mas com consciência de que é passado e passou. Ser feliz é planejar para o futuro, filhos, empregos e viagens dos sonhos. Projetar objetivos e começar a realizá-los de fato. Ser feliz, é escolher o rumo da própria vida. Viver cada gota do presente. Lamber o prato. Aproveitar o que a vida nos oferece, todas as oportunidades e amores que ela coloca no nosso caminho. É feliz quem tem capacidade de amar. Amar o mar, as crianças, o céu, os detalhes, as emoções mais simples. Quem enxerga na simplicidade cotidiana todos os elementos capazes de tornar uma vida completa. Todos sentimos um vazio de vez em quando. Uma tristeza profunda, uma vontade de sumir, uma saudade do que não foi. É feliz quem aproveita momentos assim, quem se permite entristecer, quem se permite sentir. E depois segue em frente, mais forte e maduro. Mas para ser feliz, a gente não se basta a si mesma. Para ser feliz é preciso amar, e é preciso o outro para que seja amado. A infelicidade consiste em não ter aonde depositar todo o amor que trazemos conosco. O ser humano tem uma capacidade infinita de amar, de se doar. Se não consegue demonstrar essa capacidade, toda doçura se transforma em amargura. Não falo de metades, não acredito em metades. Tem mais a ver com ter onde derramar toda sobra de ternura que escorre da gente. Pode ser num animalzinho, pode ser nos amigos, pode ser num homem ou numa mulher com quem você pensa, mesmo que por um segundo, que quer passar o resto da vida. Já me disseram que feliz é quem tem um amor. Concordo, mas modifico um pouco a frase. Feliz é quem tem a quem amar.

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